Organização do espaço nas nossas empresas

A forma como as empresas portuguesas se organizam e usam o seu espaço é denunciador de determinadas más práticas e mesmo de ambientes profissionais recuados no tempo.

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Não sou de todo especialista na matéria mas este tema desperta-me algum interesse pois creio ser o espaço um elemento chave para o dinamismo ou não de uma empresa…

É claro que atrás da atribuição e racionalização do espaço ficam patentes alguns valores da própria empresa:

– hierarquias vincadas ou não
– boa comunicação dentro e entre equipas
– saudável comunicação entre as equipas e as direcções
– adequado equilíbrio entre trabalho pessoal e trabalho em grupo
– empresa modernizada nas formas de trabalhar em contraponto a empresa com métodos mais antiquados

Poderá ainda espelhar a relação da empresa com os seus clientes, e como exemplo posso falar das nossas administrações públicas que tentam cada vez mais ter espaços abertos com ilhas de trabalho em que do balcão podemos perfeitamente compreender da eficácia ou não daquelas pessoas, além de mais facilmente apreendermos da típica dificuldade que a pessoa que nos atende tem em obter a informação requerida…

Nesta questão do espaço para trabalho, ainda encontro outras questões curiosas como:
– tele-trabalho em parte de tempo ou mesmo total
– escritórios remotos para uso de tele-trabalhadores
– escritório de tele-trabalho em casa: que requisitos? como articular o espaço-tempo de trabalho e de família?
– em determinadas áreas de programação, por exemplo, como promover o bom ambiente compreendendo os dias de não inspiração de um programador em reverso dos dias de furiosa produção de “linhas de código”…
– a questão fundamental de uma boa direcção (ou chefia) que deverá sempre entender qual é o trabalho dos seus subordinados, e consequentes formas concretas de avaliação (da produtividade de cada trabalhador)

Por fim, acho muito interessante, sempre que tenho o prazer de visitar uma empresa de tentar contrapôr a imagem / mensagem comercial que a empresa difunde e se de facto se coaduna ou não com o seu espaço e a sua organização, pelo menos na parte visível para o cliente.

É particularmente engraçado quando atrás da atribuição e racionalização do espaço ficam patentes as hierarquias e um esquema de prioridades que muitas vezes não deixam dúvidas… mesmo simples máximas como: “a informação interna é muito importante”, ou por exemplo, “o cliente tem sempre razão”… podem ser subtilmente desmentidas no espaço da empresa que é visível ao cliente.

Escrevi este texto motivado pelo que li no Expresso desta semana e que aqui transcrevo a parte que achei mais relevante e que resume estas questões… sem mais comentários (por agora):


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Empresas usam mal os espaços

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Expresso, suplemento Imobiliário, pág. 3, edição N. 1602, de 12 de Julho 2003

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Um estudo da Aguirre Newman Arquitectura revela que determinados postos de trabalho estão ocupados em apenas 30% do tempo

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Os novos espaços de trabalho

Para a Aguirre Newman Arquitectura, as novas tendências do “design” de superfície de trabalho resumem-se aos seguintes pontos:

1- Reduz-se o número de postos de trabalho em salas fechadas.
2- Aumentam as superfícies abertas e os “escritórios de paisagem”.
3 – Aumenta o número de lugares destinados a reunião e formação, que no nosso país alcança cerca de 8% da superfície de uma empresa, mas que em outros países chega as 15%.
4- Aumenta a área dedicada ao lazer e descanso. Em Portugal é de aproximadamente 3%.
5 – Os arquivos e os armazéns tendem a diminuir por serem transferidos para fora do edifício dos escritórios e para suportes digitais.
6 – O horário é mais flexível, estando os escritórios abertos 24 horas.
7 – Desenham-se áreas de ocupação não exclusiva (de ocupação rotativa) para tele-trabalhadores (a tempo total ou parcial).
8 – Os projectos do espaço são elaborados de acordo com as funções, não às hierarquias.
9 – Utiliza-se mobiliário ergonómico e modular: mais flexibilidade e mobilidade.
10 – Aumenta a mobilidade dos trabalhadores dentro do próprio escritório.

assinado por Fernanda Pedro

2 thoughts on “Organização do espaço nas nossas empresas”

  1. Boas.
    Gostaria de tele-trabalhar, pois estão praticamente esgotados os meus recursos de job seeking terreno. asfixiado que está o mercado de trabalho na minha área de residencia (Portimão), bem como em todo o país, tenho de subsistir de alguma forma, nem que seja emigrando. mas enquanto essa última gota de desespero não cai, tento informar-me das oportunidades de tele-trabalho, pois sei que sentir-me-ia como peixe dentro de água, trabalhando em casa, ao PC.
    podem, por favor, iluminar-me a respeito de oportunidades de tele-trabalho? todas as pesquisas que faço pelos variados motores de busca vão dar a becos sem saída, pelo que toda a ajuda será bem-vinda.
    Obrigado,
    Roberto Pires

  2. Estou exactamente na mesma situação cá para os lados de Lisboa. Conseguiu alguma informação que possa dispensar?

    Cordialmente,

    Sofia Fernandes

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