ministro ou pato bravo da construção, descubra as diferenças?!?

tristeza.

três notícias, três leituras (chocantes) e por fim a desilusão pela falta de interessa pela causa / coisa pública.

Lisboa: vigília contra demolição da casa de Garrett juntou 25 pessoas (06.01.2006 – 18h00)

Lisboa: casa onde viveu Almeida Garrett começou a ser demolida (06.01.2006 – 14h41)

Moradores reagem com indignação e tristeza à demolição da casa de Garrett (05.01.2006 – 10h30)

[notícias na Última Hora do Público]

nesta última notícia podemos ler:


Moradores de Campo de Ourique, em Lisboa, reagiram hoje com indignação e tristeza ao início da demolição da casa onde morreu o escritor Almeida Garrett.

O prédio de dois pisos nos números 66-68 da Rua Saraiva de Carvalho, uma rua estreita e de sentido único em Campo de Ourique, Lisboa, começou esta manhã a ser envolvido por andaimes e tapumes, numa obra a cargo da empresa Sotencil.

Os azulejos brancos e azuis que compõem a fachada do edifício, que pertence à empresa Pilarjardim – Gestão Imobiliária, propriedade do actual ministro da Economia, Manuel Pinho, já começaram a ser destruídos.

O cartaz do licenciamento municipal afixado na fachada indica que a obra de construção de um edifício com cinco pisos destinado a habitação demorará 180 dias.

“No dia 9 de Dezembro de 1854 falleceo n’esta caza o poeta portugues Visconde D’ Almeida Garrett”, lê-se na placa, agora tapada por um cartão, colocada acima da porta de entrada, que recorda a passagem do escritor por aquela casa, que ajudou a construir.

“Isto é um crime”, exclamava, indignada, Fernanda Gomes, 67 anos, para quem a casa deveria ser conservada de forma a albergar uma casa-museu dedicada à memória do percursor do Romantismo na literatura portuguesa.

Garrett é “um pilar da nossa história, é o primeiro poeta que divulgou o amor”, considerou a moradora.

Bertina Ramalho, 77 anos, que mora no prédio contíguo ao de Almeida Garrett, também se mostrou revoltada com a demolição, sugerindo que fosse feito “o mesmo que fizeram com a casa do Fernando Pessoa”, transformando-o num “museu, com espaço para encontros e colóquios”.

Empunhando uma faixa em que se lia “Vergonha! Não à destruição da Casa Garrett”, Ana Palma, eleita pelo Bloco de Esquerda (BE) na Assembleia de Freguesia de Santa Isabel, lamentou a decisão da Câmara de Lisboa de autorizar a demolição.

A representante do Bloco sublinhou que, quer a Junta de Freguesia, presidida por João Miguel Ferreira (PSD), quer o movimento de cidadãos Fórum Cidadania Lx, responsável por uma petição que recolheu mais de 2300 assinaturas a defender a transformação do prédio numa casa-museu, tinham projectos para gerir o prédio.

“A ideia era fazer uma casa-museu interactiva e dinâmica, que funcionasse como um centro cultural, um café-concerto, em articulação com as escolas da zona e que tivesse uma biblioteca”, sustentou Ana Palma.

A eleita bloquista considerou que o processo ligado à casa de Almeida Garrett foi “mal encaminhado desde o início”, culminando “numa operação-relâmpago”.

“É incrível que comecem a partir as paredes logo quando os andaimes são colocados. Há uma intenção de levar a cabo isto tudo durante o fim-de-semana”, frisou.

Para Pedro Policarpo, do Fórum Cidadania Lx, o início da demolição da casa “é uma derrota tremenda para a cidade”. Afirmando-se “surpreendido” com a rapidez do início da demolição, o representante do movimento de lisboetas considerou que a decisão é “mais um sinal de grande preocupação e apreensão para os próximos anos de gestão camarária”.

Em comunicado, a plataforma de lisboetas reitera o seu pedido ao primeiro-ministro para que intervenha neste “processo repugnante e totalmente ignóbil”.

num país com uma diferente relação com a história e menos hipócrita teríamos concerteza a demissão de um ministro envolvido em tamanho escândalo. aqui ministro ou pato bravo é tudo igual e assim se constroí mais um condomínio para mais especulação imobiliária.

o mercado da construção em Portugal e a sua desregulação (apesar dos PDM’s e não só) é demasiado incrível para um país tão pequeno e uma cidade tão bonita (Lisboa – o caso que conheco melhor por lá viver desde que nasci).

e comentário de pessoa aparentemente tão façanhuda, pois é… não há?!? tristeza. tristeza.
haverá esperança de um dia haver alguma justificação para tamanha barbaridade? infelizmente, não creio…

saliento da notícia a frase de Ana Palma: “É incrível que comecem a partir as paredes logo quando os andaimes são colocados. Há uma intenção de levar a cabo isto tudo durante o fim-de-semana”

🙁