desenvolvimento sustentável

O desenvolvimento sustentável parece ser um tema importante para alguns dos nossos pensadores (e) políticos.

Ainda bem, porque da forma como o nosso país tem funcionado até nem se percebe como realmente não estamos ainda mais na cauda da europa.

Gostei da intervenção do nosso mui estimado presidente da república, Jorge Sampaio, na inauguração de um monumento na mina de S. Domingos (Mértola, Algarve).

Creio que vou recordar para sempre partes de uma frase que dizia: “aqueles que estão na Avenida da Liberdade, a beber uma bica nas festas de S. António, não podem esquecer-se de quem está em S. Domingos”.

ver notícia do jornal Público, em Local Lisboa (17 de Abril de 2004)

Jornal Público, Local Lisboa
Sampaio Critica Os “Admiráveis Teóricos” da Defesa Ambiental
Por CARLOS DIAS
Sábado, 17 de Abril de 2004

Foi um Presidente da República cansado e comovido que ontem inaugurou, na mina de S. Domingos, um monumento ao mineiro, da autoria do escultor Jorge Castanho.

Quando chegou, Jorge Sampaio tinha à espera uma delegação de trabalhadores da Bombardier e de sindicalistas da mina de Neves Corvo. Os primeiros vinham pedir-lhe que intercedesse junto do Governo para que a única empresa que fabrica comboios em Portugal não encerrasse. O secretário de Estado Adjunto da Economia, que acompanha Sampaio, respondeu-lhes: “O problema não é de fácil resolução, mas vamos lutar”. A resposta que não agradou aos trabalhadores. Os representantes dos mineiros, vieram alertá-lo para a possibilidade da mina de Neves Corvo encerrar mais cedo do que inicialmente previsto (2030) e para as consequências nefastas a nível regional da sua desactivação.

Todos se lembraram do que tinha acontecido em 1966 com o fecho da mina de S. Domingos. E o monumento lá estava recordar o drama que então naquele local se viveu (ver Local de 15/04/04). Era visível no rosto dos antigos operários da mina a comoção que sentiam, mais evidente quando um grupo coral alentejano cantou o hino do mineiro. O Presidente teve dificuldade em superar o momento, rodeado que estava de homens que tinham esventrado a terra em condições desumanas.

O presidente da Câmara de Mértola, Pulido Valente, lembrou ser “a primeira vez” que o país demonstrava gratidão aos que trabalharam na extracção da pirite durante 112 anos. E frisou que a escolha do estilo do “monumento ao mineiro desconhecido” tivera a aprovação dos habitantes de S.Domingos.

Jorge Sampaio advertiu para a necessidade de serem encontradas “novas formas de desenvolvimento alternativas” aos pólos industriais que são desactivados.

E desta conclusão teceu uma crítica contundente aos que o acusam de estar do lado errado da defesa do património ambiental. “Nem todos me compreendem, meus amigos”, disse Sampaio, subindo o tom de voz. “Portugal – disse – não pode ser transformado num museu ou numa montra da nossa biodiversidade”, advogando a necessidade de a colocar ao serviço do desenvolvimento do país.

Demonstrando desconforto pelas críticas que lhe foram dirigidas pelo que disse durante a Presidente Aberta sobre o Ambiente, Sampaio avisou que aqueles que “estão na Avenida da Liberdade, a beber uma bica nas festas de S. António, não podem esquecer-se de quem está em S. Domingos”.

Em Moura voltaria ao tema, desta vez apontando o dedo “aos nossos admiráveis teóricos que escolhem o Alentejo para terem casas de fim-de-semana” e dando conta do mal estar que lhe causam as diferenças de desenvolvimento que entre a cidade e o interior. Pragmático, disse que deve ser “posto de lado o que não produz riqueza” e insistiu na necessidade de revitalizar a agricultura “escolhendo produções com futuro”.

Dirigindo-se aos que o escutavam em frente dos Paços do Concelho de Moura, Jorge Sampaio chamou mais uma vez a atenção para necessidade de os alentejanos terem uma voz própria e deixem de depender dos que falam em nome deles. Na sua deslocação a esta cidade alentejana, o Presidente inaugurou uma central fotovoltaica que passa a abastecer de energia eléctrica a escola secundária de Moura.

Outras escolas do concelho já estão dotadas deste sistema de energia renovável, que representa o primeiro passo para a instalação de um tecnopólo para o aproveitamento da energia solar. A instalação na Amareleja da maior central fotovoltaica do mundo, com capacidade para produzir 64 MW, é o passo seguinte, devendo arrancar ainda em 2004.

http://jornal.publico.pt/2004/04/17/LocalLisboa/LL05.html